Na noite do dia primeiro de Fevereiro 1912, em Maceió, uma organização paramilitar, chamada de Liga dos Republicanos Combatentes, criada por Fernandes Lima (foto), um político de oposição ao então governador Euclides Malta, invadiu e destruiu os terreiros da cidade. Fernandes Lima não foi condenado pela ação, muito pelo contrário, o mesmo viria a se tornar vice-governador, deputado federal e senador durante os anos seguintes, e hoje dá nome à principal avenida da capital alagoana. É importante apontar que governador na época, Euclides Malta, professava a fé católica, porém tinha uma relação de bastante proximidade com os povos do terreiro, em uma relação de liberdade religiosa que incomodava o setor mais conservador da elite do estado.
A mãe de santo Tia Marcelina foi brutalmente assassinada no ataque, e hoje seu nome e sua história são lembrados como símbolos de resistência negra.
Nenhum terreiro na capital conseguiu escapar, todos foram destruídos e os religiosos se sentiram amedrontados por conta de sua fé. Diversas expressões da cultura negra desapareceram após o ataque. Seja por medo de sua representação ou pelo fato da saída do estado de importantes lideranças.
A Quebra de Xangô foi a mais violenta ação contra povos do terreiro que se tem registro no Brasil. Durante as décadas seguintes os religiosos que ainda se mantinham, faziam suas preces e manifestações de forma silenciosa, o que ficou conhecido como “Xangô rezado baixo”, onde não se tinha os cantos, as danças ou os toques dos tambores. O medo de novos ataques, da repressão e da morte, contrastava com a força da fé, a religiosidade e a coragem de envolver os ritos com um véu de mistério e segredo, para que estes continuassem a serem realizados.
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